ASPECTOS DA TEOLOGIA PRÁTICA

Julio Zabatiero define a Teologia Pratica como um “discurso crítico e construtivo sobre a ação cristã no mundo ”. Em outras palavras a teologia prática se dá a partir de um dialogo aberto e confrontador sobre a práxis da igreja em seu contexto imediato. Toda igreja, inserida num local específico, faz teologia. Então o trabalho da teologia pratica é dialogar com estas ações para que se supere a dicotomia entre o que a igreja crê e o que ela faz, entre o que ela é e o que ela representa na sociedade. Michael Raiter afirma que a teologia prática se dá quando permitimos que “o Evangelho critique e informe nossa praxis ”. Ou seja, devemos constantemente avaliar nossa pratica pela ótica dos valores do Evangelho. Três fatores são importantes aqui:
1. Consciência da Vontade de Deus
A igreja precisa constantemente ter em mente o alvo de sua missão. Ou seja, definir seu propósito ali onde ela está. Missão é o “conjunto de valores que norteia as atividades ” de uma igreja em seu lócus. A igreja local cumpre sua missão quando ela busca conhecer, discernir e aplicar a vontade de Deus em sua localidade. Zabatiero fala que o conhecimento da vontade de Deus, o objetivo da teologia prática, resulta numa axiologia da ação cristã, seu produto final . Isto é, quanto mais conhecemos a vontade de Deus, mais nossos valores se transformam e então agimos de modo coerente com Sua vontade. Uma teologia correta gera uma pratica correta. Se a igreja não tem feito diferença onde ela está é porque alguma coisa está errada com sua teologia.

2. Comunicação Relevante com o mundo
Como a missão da igreja se dá no “mundo”, é imprescindível que ela trave uma comunicação relevante com ele. Infelizmente, por muitos anos e por inúmeras razões, a relação da igreja brasileira com o mundo foi separatista, dificultando o dialogo e, por fim, se alienando das questões políticas, econômicas e até mesmo sociais no Brasil. Reverendo Samuel Vieira em seu livro O Império Gnóstico Contra-Ataca destaca que a igreja brasileira desenvolveu uma ética de desprezo pela história, pela política, pelo social e pelo corpo . Esta ética alienatória, na maioria das vezes mascarada por santidade, tem sido questionada e confrontada. Para que o sal da igreja realmente salgue e sua luz realmente brilhe no mundo, requer-se da igreja tanto um despojar desses ‘desprezos’ quanto um envolvimento mais perto da realidade nua e crua do mundo.
3. Valores Transformadores do Reino
Como agente do Reino de Deus, a igreja carrega em sua essência os valores deste Reino. Como a ação do Reino é transformadora, a igreja, por sua vez, se torna agente de transformação. Nesta dialética contundente com o mundo, a igreja confronta o mundo e seus valores e oferece a alternativa de Deus. Jorge Henrique Barro diz que a igreja é um sinalizador do Reino e que “a única igreja que realmente brilha aos olhos de Deus é aquela que fielmente cumpre sua missão onde Ele a colocou ”. A igreja tem um papel confrontador e transformador na sociedade, e a práxis de sua teologia vai determinar se esta igreja tem sido fiel ou não ao seu Senhor.
Para concluir, a teologia pratica é um estudo teórico sobre a práxis da igreja em seu contexto imediato. É a igreja como Corpo de Cristo, se movendo sobre o mundo, discernindo a vontade de seu Cabeça e executando essa vontade com amor e fidelidade; é o Corpo de Cristo estendendo Seus braços para os perdidos; tocando com Suas mãos para curar os feridos; falando Suas palavras de amor e transformação, e cumprindo assim seu propósito de ser sal da terra e luz do mundo!
Bibliografia

ZABATIERO, Júlio. Fundamentos da Teologia Prática. São Paulo: Mundo Cristão, 2005
BARRO, Antonio Carlos e KOHL,Manfred W. Missão Integral Transformadora. Londrina: Descoberta, 2005
VIEIRA, Samuel. O Império Gnóstico Contra-Ataca. São Paulo: Cultura Cristã, 1999