A sexualidade é um componente inerente na formação e no desenvolvimento da identidade do indivíduo. O ser humano não tem a sexualidade de forma extrínseca, como que fora dele, mas intrínseca, é parte da essência dele. Assim, a maneira como o indivíduo ver o mundo e se relaciona com ele deve-se grandemente a sua sexualidade. Ela é determinante para as relações interpessoais, porque é através da interação social que o ser humano toma consciência de sua potencialidade sexual e se constrói. A sexualidade é complexa e dinâmica porque se dá entre seres complexos e dinâmicos. A problemática que surge então é como entender e lidar com nossa sexualidade de forma saudável e adequada. Qual o paradigma que temos para uma sexualidade sadia que, ao mesmo tempo, produz um estilo de vida também saudável para o indivíduo e seus relacionamentos?
Para começar, precisamos compreender que Deus criou o homem e a mulher e os dotou da sexualidade - “... criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. 28 E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a...” Genesis 1:27-28. Vista na perspectiva do Criador, a sexualidade, o “conjunto dos fenômenos da vida sexual”, é boa e importante para a humanidade. Por ela, os indivíduos conhecem suas idiossincrasias essenciais (características comportamentais peculiares do ser); se completam e se realizam. Também, ela determina e delimita a qualidade e as condições interativas. Deste modo, como imagem e semelhança de Deus, o homem e a mulher desfrutariam da sexualidade em seu contexto. No entanto, Deus estabelece uma condição básica para que a usemos da forma correta.
Somente pensar na sexualidade como uma dádiva de Deus para a humanidade não é suficiente até que entendemos o propósito dela. Além do propósito geral de distinguir as características sexuais fundamentais do homem e da mulher, a sexualidade tem um objetivo especifico: a realização pessoal através da intimidade – “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” Genesis 2:24. O homem e a mulher, cada qual seu universo sexual particular, são formatados para se complementarem (união) através da intimidade que, em seu turno, é um anseio latente no indivíduo que se manifesta pelo sentimento de interdependência e a necessidade de pertencer, incondicionalmente e sem reservas, a alguém. Aqui é importante fazer uma observação: a intimidade sexual se diferencia do ato sexual. O ato sexual é o meio externo pelo qual se pratica a intimidade sexual. O clímax da intimidade sexual entre um homem e uma mulher é o ato sexual. Este é o padrão divino para a realização pessoal e relacional do ser humano. Não o contrário. Praticar o ato sexual em busca de intimidade é um grande erro. A intimidade sexual se alcança e se estabelece pela união permanente entre duas pessoas e promove uma satisfação plena pessoal na relação.
Porém, com a queda do homem e a entrada do pecado, a sexualidade e o sentimento de intimidade foram corrompidos. Abandonando o padrão divino, o ser humano se torna disfuncional em sua essência e, sobretudo, em seus valores sexuais – “...porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; 27 semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro” Romanos 1:26-27. É importante ressaltar que a sexualidade em si não é pecado, mas que o pecado distorce o modo como a concebemos e desenvolvemos. A sexualidade, afetada pelo pecado, sofre uma inversão de valores, e se torna doentia priorizando a busca incessante e egoística do prazer pessoal – a sensualismo - em detrimento da satisfação oriunda da intimidade sexual, determinada por Deus.
Diariamente, enfrentamos uma enxurrada de idéias, opiniões e princípios concernentes a sexualidade, que vão desde os tabus às licenciosidades mais diversas, no entanto, só existe um modo de vê-la, entendê-la e vivê-la da forma correta: na perspectiva do Criador. Embora o pecado ainda esteja presente, e continua causando seus estragos, o projeto de Deus permanece, trazendo salvação ao homem e a mulher, pelo Evangelho. Em Jesus Cristo, o novo Adão, o homem é plenamente restaurado, e isso inclui também a restauração de sua sexualidade.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 Deixe aqui seu comentário::
Poxa Luis! Que texto bom de se ler!
Suas observações são sempre muito pertinentes. Parabéns pela visão sadia que vc tem acerca do evangelho.
Saudadona!
Ah! o Humberto já está em cuia! Assim que der vamos visitá-los!!
Grande abraço!
Obrigado Jacque pelo carinho. Saudades também!
Massa, muito massa o texto!
Valeu, amado. Saudades, hein?!
Postar um comentário