Falar que foi uma doença psicológica ou uma possessão demoníaca parece que alivia o peso de uma verdade ainda mais cruel: a depravação humana. No fundo, não queremos acreditar que o ser humano é capaz de fazer tal atrocidade. E se ele realiza tal truculência é porque ele foi “influenciado”. Queremos relativizar o problema, buscando amenizar a verdade dizendo que não foi “ele” quem fez tal coisa; ele foi sim vitima de uma série de fatores e elementos determinantes, como o uso de entorpecentes, ou que tinha um transtorno mental, ou ainda que ele estivesse “fora de si” sob um poder sobre-humano, etc. Tudo isso numa tentativa de justificar o cruel, o maldoso, o desumano.
A cada dia que passa nos deparamos com uma verdade que é muito mais do que um tópico teológico, mas uma realidade nua e crua. O ser humano é extensivamente depravado. O pecado o fez indiferente, causando a alienação. Por causa do pecado, o ser humano se tornou alienado espiritualmente, perdendo Sua comunhão com Deus; individualmente, afetando os vínculos de sua própria estrutura volitiva, emotiva e cognitiva; e socialmente, perdendo os vínculos de amor com seu próximo.
Agora, afirmar que o ser humano é totalmente depravado não significa que ele é “absolutamente” depravado. A depravação humana ensinada nas Escrituras quer dizer que o pecado afetou toda a estrutura constitutiva do homem em seu corpo e espírito. Hoje, seus pensamentos, seus desejos, seus sentimentos, etc., tudo foi afetado pelo pecado. Não significa, portanto, que o homem é experimentado em todas as esferas da depravação. Não. Mas que o pecado pode levar o ser humano ao ponto mais fundo do abismo. O que vimos neste episódio repugnante, e em muitos outros, talvez nos mostre claramente ate onde um ser humano em sua condição de pecado é capaz de chegar.
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Olá. Parabéns, Lucas Carlos!!
Sou evangélico de outra denominação religiosa e também resido em Montes Claros. Pela primeira vez encontrei alguém que trouxe uma visão desmitificada do assunto. Já vi algumas manifestações estranhas em igrejas que foram prontamente diagnosticadas como "possessão".
Antes mesmo de entrar no mérito (se é caso de possessão ou não), devo dizer que a maior parte das pessoas não tem o menor preparo para lidar com estas situações, pois raramente os pastores orientam corretamente a como agir (e como NÃO agir) diante duma suposta situação de possessão.
Já tive a oportunidade de ver presbíteros privilegiando a presença das supostas entidades com perguntas tolas transformando a situação em praticamente uma entrevista com uma celebridade. Isto é muito triste!!
Outra coisa é a responsabilidade de se afirmar que determinado caso de manifestação é uma possessão demoníaca. Biblicamente cremos que estas situações são possíveis, mas entendo que deveria haver um mínimo de investigação para se confirmar perante uma igreja de que se trata. Hoje a medicina já conhece diversas enfermidades mentais que aos olhos leigos podem parecer eventos sobrenaturais. isto sem falar nas situações de sugestionabilidade, em que as pessoas mais crédulas aceitam com mais facilidade a idéia que podem ser tomadas por um espírito maligno.
Enfim, falta muito preparo de nossa parte para lidarmos ao menos razoavelmente com esta situação.
Deus abençoe vc!
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