No mundo antigo da Bíblia, o ato de perdoar originalmente estava relacionado ao cancelamento de uma dívida. A partir do momento em que o perdão fosse liberado, a pessoa que, antes estava endividada poderia agora se considerar uma pessoa livre e não mais devedora. A dívida era paga pelo perdão. Normalmente, havia uma declaração formal de que ambos, devedor e credor, estavam quites pelo perdão.
O ano do Jubileu era o tempo para festejar o perdão. Deus instituiu na religião judaica o ano do jubileu, a cada ciclo de quarenta e nove (7 anos vezes 7). Durante todo este ano, a terra descansava (Lev. 25:11-12), todas as propriedades retornavam para seus donos originais e herdeiros (Lev.25:13-24), todos os escravos eram libertos (Lev. 25: 39-54) e todas as dívidas eram canceladas. O jubileu, que quer dizer sonido de trombeta, tipificava assim o som estrondoso e maravilhoso da promessa de perdão e libertação em Cristo Jesus.
No entanto, a Bíblia também fala de perdão de pecados. O pecado funciona como uma dívida. Quando pecamos contra alguém, tornamo-nos devedores dele e a única forma de ficarmos livres daquela dívida é através do perdão. Na oração Dominical registrada pelos dois Evangelistas, Mateus e Lucas, há uma diferença de termos quando os dois falam do perdão. Lucas fala do perdão das ofensas e dos pecados (Lc. 11:4), já Mateus fala do perdão das dívidas (Mt. 6:12). Na verdade, ambos estavam falando da mesma coisa. Nossos pecados são como dívidas. Por isso, compreendemos o que Paulo afirma na sua carta aos Colossenses, que Deus nos perdoou “...tendo cancelado o escrito de dívida que era contra nós” (Cl 2:14). Jesus conta uma parábola de certo credor que perdoou a dívida de dois devedores (Lc. 7:41-42), significando o perdão de Deus para com nossos pecados!
Mas assim como Deus nossos perdoou nossas dívidas de pecados, da mesma forma devemos perdoar as dívidas de pecados uns dos outros. Se não liberarmos o perdão para quem peca contra nós, estamos dizendo que não merecemos o perdão de Deus! E mais ainda: se não perdoarmos, Deus não nos perdoará! Jesus afirmou: “se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mat 6:15).
O caminho do perdão não é fácil, mas é necessário para andarmos na benção de Deus! Muitas vezes chegamos ao nosso limite, como Pedro perguntou a Jesus: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? (Mt. 18:21). Mas são nesses momentos, em que nossa força e limite se esgotam que entra a Graça de Deus e a capacitação do Espirito, para irmos além, dando a outra face, caminhando mais uma milha, oferecendo a outra túnica, e quem sabe, não até sete vezes, mas até setenta vezes sete!
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