COMUNICANDO ESPERANÇA
O ser humano, na pós-modernidade, pode ser caracterizado como carente de esperança. Perdido em meio a um turbilhão de acontecimentos e catástrofes, ele se vê vítma da propria História, ao invés de ser agente dela. Os conflitos políticos, as guerras, as crises econômicas em países ricos, a miséria em países pobres, o aquecimento global, o desmatamento, etc., tudo isso o leva a questionar sobre a possibilidade de um futuro melhor. E é nesse cenário de crise, frustração e desespero que nasce a necessidade de uma abordagem teológica que conduz ao uma verdadeira esperança.
Segundo o dicionário Houaiss, esperança é um “sentimento de quem vê como possível a realização daquilo que deseja; algo que não passa de uma ilusão; aquilo ou aquele de que se espera algo, em que se deposita a expectativa; promessa[1]”. É importante notar que a esperança, de acordo com a definição acima, não é algo utópico ou escapista, mas sim uma confiança responsável depositada sobre algo ou alguém.
A Bíblia apresenta a esperança (no grego elpis – expectativa, antecipação e confiança) como uma das três virtudes principais do Cristianismo, junto com a fé e o amor (1 Cor 13:13). Ela motiva o exercício da fé (Hb 11:1); está ligada à vida eterna que Cristo garante aos fieis (Tt 3:7) e em suma, Jesus Cristo é a personificação da verdadeira Esperança (1Tm 1:1).
A teologia da Esperança é uma resposta a três tipos de crises que o ser humano encontra: a crise existencial, a crise de fé e a crise social. Diante destes três aspectos da crise humana, a mensagem do Cristo ressurreto, “a Esperança da gloria” (Cl 1:27), surge como a única resposta que possa conduzir o homem a transcendência.
Antonio Joaquim Severino explica que “só a esperança pode contrapor-se a precariedade da condição humana[2]”. Isto significa que sem esperança o ser humano está fadado a miséria, a pobreza e a maldade. “Enterrar” as esperanças pode ser uma tendência escapista para não encarar a realidade; o silencio muitas vezes aparece como uma opção menos dolorosa diante das muitas vozes calamitosas e cruéis, contudo, a desesperança ainda pode pesar fortemente levando o homem a estado de total desmotivação com a vida. Só uma esperança consistente é capaz de trazer real consolo e senso de propósito.
A Igreja de Cristo é uma comunidade de Esperança. Sua esperança está fundamentada nas Escrituras Sagradas que declaram a volta do Senhor Jesus Cristo, a instauração do Reino de Deus, novos céus e nova terra, a vitoria final sobre o mal e a ressurreição dos mortos. Uma teologia sem esperança é uma teologia vazia e sem sentido, e uma eclesiologia sem esperança é uma eclesiologia inócua e sem efeito. O Corpo de Cristo, sendo “sal da terra” e “luz do mundo”, ministra esperança às pessoas perdidas.
A ekklesia de Cristo, embora “chamada para fora” é desafiada a viver dentro de um contexto histórico, étnico e político marcado por preconceitos e injustiças sociais. “Ser” igreja vai representar muito mais do que uma estrutura institucional – embora sejam necessárias as instituições para servir aos homens e não o contrário. “Ser” igreja vai significar muito mais do que “fazer” igreja - como se a agenda de alguma forma pudesse substituir a essência. Não. “Ser” igreja é ser o Corpo de Cristo se movendo no mundo, no meio das pessoas; uma igreja fundamentada na Esperança, cumprindo sua tarefa de conduzir outros, e muitos, a esta mesma Esperança, que é Cristo.
[1] Dicionário Eletronico Houaiss
[2] SEVERINO, Antonio Joaquim, A Filosofia Contemporânea no Brasil, pg. 217
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