Temos, há muito, questionado sobre
a tendência mercadológica das músicas gospel no Brasil e, ao que tudo indica, a
coisa vai piorar! Parece que os músicos evangélicos, seguindo a mesma visão
secular do ritmo do momento, aquele que vende mais, têm navegado numas “ondas”
de adoração “arrochadas”, que não passam de um fajuto “cola-copia”, um “Ctrl C,
Ctrl V” de meras repetições e “repetir sons”, numa frenética concorrência para
saber quem é o melhor dos iguais!
Cd´s são produzidos numa rapidez incrível
para atender mais a “demanda” do mercado do que para ser voz profética em nossa
geração; músicas, que se dizem inspiradas pelo Espírito Santo, são mais cheias
de chavões e jargões de um “evangeliquês” vazio e sem graça, do que de teologia
bíblica; melodias e ritmos reproduzidos e repetidos com uma cadência metricamente mercadológica em detrimento
de um arranjo artístico, onde as melodias não abafam mas dão voz a Palavra!
Mas isso não é tudo. Tem mais. As canções
gospel brasileiras têm se mostrado
verdadeiramente etnofóbicas para com nossa própria linguagem e expressão culturais. Grande partes das canções,
quando não são versões de músicas importadas, seguem a mesma linha melódica das
batidas internacionais (HillSong, Jesus´Culture, Planet Shakers, etc.). Nada
contra este estilo musical. Mas o que estou pontuando é que na linguagem
musical da cultura gospel brasileira não está havendo espaço para a brasilidade,
e isso é muito ruim.
Este claro desprezo por nossa própria
cultura talvez se dê por dois fatores: ou porque dá dinheiro (Afinal, é o que
todo mundo canta!), ou, olhando de forma mais profunda, porque se traz ainda resquício
daquela antiga mentalidade de satanizar a cultura brasileira.
Seja o que for - pode ser que haja até
outros motivos para este auto desprezo cultural - o fato é que há uma nítida
falta de nexo entre a cultura brasileira que temos e a música gospel que se
canta por ai. E a consequência prática deste abismo cultural é uma igreja
superficial e ineficiente em sua missão. Quanto mais próxima da cultura for nossa
linguagem musical, maior eficiência teremos em nossa missão, e consequentemente
haverá transformação real e substancial na mentalidade do povo.
A verdade é que a linguagem musical
da cultura gospel brasileira, embora “estourando” nas vendas, na prática tem
feito muito pouco para a transformação de nosso povo. Não tem havido uma filosofia
musical que contribui para dialogar com a cultura brasileira, retratando
os problemas reais de nossa sociedade e propondo ações e mudanças substanciais
na vida do povo. E por não ter esta filosofia musical, e por insistir apenas em
melodias extáticas de uma cultura “Rock and Roll” alucinógena, o movimento
gospel no Brasil tem produzido músicas só de entretenimento emocional.
Gostaria de propor um retorno para a galera "gospel" do Brasil: um retorno
a arte musical. Arte original e cheia de brasilidade. Arte que mistura criatividade e filosofia musical num só ritmo.
Arte que combina a simplicidade dos tons e a profundidade das letras num só
arranjo. Arte que harmoniza o som dos instrumentos ao som das Palavras dando sentido a graça. Arte
que soa bem aos ouvidos, mas que transforma o coração e a mente. Definitivamente, precisamos de boas músicas. Urgentemente,
precisamos de excelentes músicos. Músicos que se deixam tocar por Deus, para ser verdadeiros instrumentos em Suas mãos, a fim de tocar nossa geração com a Palavra do Evangelho.
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Onde tem Sabedoria,tô dentro.
Isso mesmo. A sabedoria, a verdade, a beleza e a bondade são provenientes do única e mesma Fonte - o Espírito Sábio,Verdadeiro, Belo e Bom que existe, que é Deus. Por isso, toda verdade, é verdade de Deus, e assim, tudo que é belo e bom. As culturas manifestam verdade, beleza e bondade, e isso deve ser atribuído a Deus. Da mesma forma, a realidade do pecado também afeta as culturas, e elas devem ser "santificadas". Mas veja bem "santificadas" e não abolidas. Deus fez as culturas para que expressassem sua multiforme sabedoria!!! Valeu meu irmão. É isso ai!!!
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