A páscoa é uma das principais festividades dos judeus e dos cristãos. Em todo o mundo, cristãos de todas as ramificações – católicos, ortodoxos, protestantes e neopentecostais - celebram a páscoa. Entretanto, o que era para ser um momento de reflexão e enlevo espiritual, tem se tornado um forte mecanismo de atividade econômica. A sociedade moderna, cada vez mais dominada por uma visão mercadológica, considera a celebração da pascoa como uma ótima oportunidade de faturar . Assim, criam-se produtos e propagandas de interesse econômico. A ceia familiar foi substituída por deliciosos “ovos de chocolate”; o cordeiro pascal, que nos remete a ideia de libertação, foi substituído por uma versão nada convincente - um “coelho”, que é uma verdadeira aberração da natureza porque “bota ovos”! Onde já se viu?! Aliás, o que isso tem ver com a páscoa!!?? Isto só comprova como o mundo atual tem-se distanciado do real sentido da Pascoa, e prefere “aberrações lucrativas” em detrimento dos valores espirituais!
A instituição desta festa está registrada no livro bíblico de Êxodo, capítulo 12. Celebrada no 14º dia do primeiro mês do calendário hebraico, no mês de abibe - que equivale a março/abril no hemisfério sul - a festa da Pascoa era também chamada de a festa do Cordeiro. Apesar de haver outros elementos como as Ervas Amargas (Ex: 12:8,Nm 9:11) seguida da festa dos pães asmos (Ex: 12:17;19-20), toda a festa girava em torno da figura do cordeiro; pois indicava a ideia principal do significado da Pascoa. Na história original, o cordeiro representou o sacrifício cujo sangue livrou o povo de Deus da morte. Quando Deus ia ferir o povo, Ele pediu para que sacrificasse um cordeiro e colocasse do seu sangue nos umbrais das portas para que o anjo de morte, ao passar, pudesse poupar aquela casa que tinha o sangue do cordeiro. Por isso, daí vem a ideia de páscoa, no hebraico, pesáh que significa passar por cima no sentido de poupar (Ex: 12:5-7;12;22-23;27). Assim, a festa da Pascoa era celebrada e o ápice dela era a alimentação do cordeiro.
Deus ordenou que a Pascoa fosse guardada e celebrada em todos os anos, porque nela estava não apenas a memoria da libertação passada, mas a promessa da real libertação que viria. O Novo Testamento relaciona a Pascoa com a morte e ressurreição de Cristo. Na verdade, a pascoa original, de Êxodo 12 aponta para sua real significação na pessoa e obra de Cristo. Tipifica a Cristo, O qual trouxe a real libertação da escravidão do pecado. As Escrituras atestam que Jesus morreu na semana da páscoa, numa sexta-feira, um dia antes da preparação da páscoa (Jo 19:14) ressurgindo no primeiro dia da semana, no dia da celebração da páscoa. Fazendo um link entre o significado da pascoa e obra de Cristo, o apóstolo Paulo afirma que Cristo é o “Cordeiro Pascal” (1Co 5.7), que traz real libertação. Portanto, enquanto que para os judeus, a páscoa é uma maneira de celebrar a libertação do povo de Israel da escravidão do Egito, para nós, cristãos, esta festa tem um significado especial—libertação do pecado e ressurreição para uma nova vida!
No dia em que o Senhor Jesus e seus discípulos celebravam sua última páscoa aqui na terra, ele tomou dois dos elementos tradicionais da páscoa e fez uma aplicação especial. Ele não fala do cordeiro porque Ele é o verdadeiro Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1.29). Ele toma o pão asmo e o vinho para se referir ao seu sacrifício na Cruz. O pão partido representa o Cordeiro sacrificado, o Corpo de Cristo, dado e partido por nós; e o vinho, o sangue do Cordeiro, o sangue de Cristo, derramado por nós (Mc 14:12; Mt 26:26-28). Isto mostra que Jesus é nosso cordeiro pascal (1Cor 5:7). Sua morte sacrificial que resultou no derramamento de seu sangue, nos liberta da escravidão do pecado e da morte eterna.
Quero concluir dizendo que a Pascoa não é tempo de comer chocolate ou celebrar um “coelhinho que bota ovos”... mas é um momento de expressar, em primeiro lugar, nossa confiança no Deus que nos livrou do castigo eterno pelo sacrifício de Cristo e pode nos livrar de todas as armadilhas infernais. Segundo, é momento também de desenvolvermos uma comunhão verdadeira. Até porque esta festa era celebrada em família e em comunhão com outras famílias. Por fim, a Pascoa é um momento de gratidão. O objetivo central da festa era lembrar dos atos de Deus com um coração grato! Ao celebrar esta festa, os israelitas relembrariam seus sofrimentos e a ação poderosa de Deus a favor deles. O resultado desta memória seria gratidão a Deus por seu amor e cuidado. Jesus também disse na última Pascoa/Céia: “em memória de mim”, significando que ao lembrarmo-nos de tudo o que Cristo realizou por nós, podemos, e devemos, ser gratos de coração ao Senhor.
Rev. Luís Carlos
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